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terça-feira, 19 de novembro de 2013

As estranhas reflexões de Barganhas, Pepe e Salazar

Caía a tarde quando Salazar entrou no bar. Tirou seu sobretudo e seu chapéu coco, limpou-se da fina neve que precipitava, pendurou as roupas que não iria usar no cabide do local e se sentou próximo à janela. O estabelecimento era simples, à moda francesa de caffé. Logo que se aconchegou, o garçom ligeiramente o atendeu:
- O que pede hoje, Dr. Salazar?
- Pode me trazer uma dose de Johnny, sem gelo.
- É pra já, Doutor – falou o rapaz, afastando-se da mesa ao mesmo tempo em que anotava outro pedido.
Salazar era alto e branco. Tinha olhos claros e cabelos cinza. Era claramente descendente de europeus. Apesar da aparência senil, possuía um vigor juvenil, como se acabasse de entrar nos louros da mocidade.
Tão cedo seu copo chegou o homem provou um gole da bebida; ela desceu suave e flamejante pela garganta, lavando o cansaço e irritação de um dia inteiro de trabalho.
Antes que pudesse abrir o jornal no caderno de esportes, Salazar ouviu o sino do bar tocar – sinal de que a porta estava a se abrir. Avistou um amigo de longa data; um companheiro fiel às noites de sextas com quem há tantos anos dividiu mesas, gargalhadas e bebidas na madrugada boêmia.
- Barganhas! Está atrasado homem. O trânsito o pegou? – cumprimentou Salazar, já se levantando para dar espaço ao amigo.
- Ora, Dr. Salazar... Este pobre coitado foi pego de surpresa por essa tremenda nevarada! Quem diria que nesta terra poderia nevar?! – disse o outro, limpando seu sobretudo e sua boina, repetindo o ritual de Salazar.
Os dois apertaram as mãos. Barganhas se sentou e acenou ao garçom:
- Guri! Ou, Guri! Traga-me uma boa dose de Velho Barreiro. – pediu para o mesmo garçom que atendera Salazar.
Barganhas vestia roupas simples, de trabalhador braçal. O homem era alto e viril. Aparentava carregar um pouco mais de 20 anos de história, embora possuísse bem mais que isso. Era branco com cabelos negros e curtos e olhos escuros.
A mesa continha quatro lugares; dois de cada lado. Salazar sentou-se de costas para janela e encostou-se no vidro para ler seu jornal; de modo que pudesse ver tanto Barganhas que sentou do outro lado da mesa, de frente para a porta, quanto a entrada do estabelecimento.
No caderno de esportes, Salazar leu que o XV de Piracicaba era campeão da Libertadores.
Mais uma vez o sino da porta soou. Uma figura baixa e esguia entrou no boteco. Tirou o traje de frio – aquele mesmo que os outros dois vestiam – e seu chapéu; limpou a neve e pendurou no cabide para os clientes, próximo aos de Salazar e Barganhas.
- Vejo que só faltava eu. – disse ele, apertando as mãos dos dois que ali se encontravam.
- Chegou em boa hora. Acabei de ler que XV foi mesmo campeão da Libertadores... – disse Salazar, um tanto intrigado.
- Pepe, quer beber algo? – perguntou Barganhas, acenando para o garçom.
- Quero um gole de Stock e uma porção de fritas – pediu diretamente ao funcionário, que já se encontrava prontamente ao lado da mesa.
- Pepe, veio da Paulista? – perguntou Salazar.
- Sim, Doutor. Estava um caos... A neve se acumulou da estação Consolação até a altura do Shopping Paulista.
- Caralho! – soltou o palavrão; Salazar o fazia espontânea e corriqueiramente.
- Como pode aqui em São Paulo nevar? – indagou Pepe. Foi uma pergunta às paredes.
O pedido de Pepe foi servido à mesa, juntamente com a bebida que foi colocada bem na frente do pires de batatas fritas.
Pepe era um senhor, bem mais velho que os outros ali sentados. A vida dura já lhe dera um tempo; já alimentou seus filhos, foi fiel à sua falecida esposa –quando ainda vivia – e se jogou na carreira pública, sempre idôneo e honesto. Agora, aproveitava os bons momentos de sua aposentadoria.
A internet não funcionava em lugar nenhum e os meios de comunicação telefônicos ficaram prejudicados. A estrutura da cidade não foi projetada para aguentar uma nevasca, como há alguns dias acontecera. A televisão via satélite ainda funcionava, mas muito custava às Redes se manterem operando; então decidiram passar apenas os programas de maior audiência e os jornais. Já os canais a cabo, nem mesmo operavam.
- Pepe, ouviu o que falei? – perguntou Salazar.
- O que? Sobre o XV? Sim, mas preferi não acreditar. – respondeu o senhor.
- Pode acreditar, Pepe. Está aqui, olha... – intimou-o para olhar o jornal.
Quando teve em mãos o caderno, percebeu que o XV ser campeão da Libertadores era a menor das surpresas.
- Salazar, você viu essa notícia aqui? – apontou para uma coluna no canto, que tinha letras miúdas; como se fosse uma notícia de menor importância, ou até mesmo de nenhuma.
- Deixe-me ver. – puxou os óculos do bolso para melhor enxergar aquelas letras.
Lia-se na coluna o seguinte:

Clube de Regatas Flamengo é extinto oficialmente hoje pela sua diretoria. O Time 5 vezes campeão do Campeonato Brasileiro caiu para a série de acesso à série C e não possuí torcida. Os jogadores faltaram ao último jogo, já que estavam jogando apenas como hobbie e, segundo eles, compromissos mais importantes os impediram de comparecer.
O Presidente da CBF disse, em nota, que é uma pena que a tradição do futebol brasileiro esteja desaparecendo; mas agora se deve dar enfoque às conquistas do XV que tenta revigorar o esporte nacional.

- Do que se trata, Salazar? – indagou Barganhas, curioso para descobrir o que gerou aquela cara de espanto do amigo.
- Flamengo não existe mais... A diretoria extinguiu o time. – respondeu abismado.
Barganhas comeu uma batata e engoliu sem pensar a bebida de uma só vez. Pasmo, recolheu-se na cadeira e ficou pensativo por um tempo.
- Vocês não acham que tem algo errado acontecendo? – disse Salazar, franzindo a testa.
- Não sei... Tudo aconteceu tão naturalmente. Como as coisas chegaram a esse ponto? – questionou Pepe, indignado.
- Que maluquice. – concluiu Barganhas.
Após o comentário, perceberam que na loja da frente acontecia um assalto. O curioso era que o ladrão se trajava de um personagem de histórias de quadrinhos. Todas as pessoas que passavam na rua não deram atenção ao que acontecia bem ali; algumas até viram, mas simplesmente ignoraram.
Os três olharam uns para os outros, chamaram o garçom e pediram mais um pouco das respectivas bebidas.
Por um tempo, ficaram quietos, fitando as paredes, porém com pensamentos bem além dos limites de concreto. A mesa estava quieta como nunca antes ficara.
- É isso! Esse mundo está louco! – sugeriu Barganhas.
- O que? – perguntou Pepe.
- É... Alguma coisa aconteceu no mundo que ninguém sabe explicar, mas está causando essa loucura toda. – explicou.
- Louco... – sussurrou Salazar.
Essa palavra ecoou na mente dos três. Ali permaneceram fixos, olhando para o nada e pensando sobre a palavra.
- Não, Barganhas... Acho que nós é que estamos loucos. – disse Pepe.
- Nós três? – indagou Salazar.
- Sim. – respondeu.
- Como assim? – inquiriu Barganhas.
- Veja, lá fora, todos andam calmamente. Aqui dentro, várias pessoas leram o caderno esportivo e ninguém achou estranha a notícia do fim de um time como o Flamengo estar exposta numa coluna no canto de página em letras miúdas além de nós. – explicou Pepe.
- Então, por não estarmos ignorando isso é que somos loucos? – questionou Salazar.
- Sim. – respondeu o indagado.
Os drinks chegaram juntamente com mais uma porção de fritas. Pepe não se lembrou de ter pedido mais fritas, mas não se importou com o erro.
- Eu não sou louco, porra nenhuma! – reclamou Salazar, num lapso de pensamento.
- E o que é ser louco, meu caro? – replicou Pepe.
- Ser louco... – filosofou Barganhas – Ser louco é como olhar uma realidade que ninguém mais vê. É ver a verdade como ela realmente é. É como olhar para uma janela que todos dão as costas.
- Ver uma janela que todos dão as costas... – repetiu Salazar, olhando para a janela atrás de suas costas.
Beberam mais do álcool que foi servido e comeram mais da gordura oferecida. Observaram bem o garoto que os serviu, que distraído limpava o copo que acabara de pegar da outra mesa.
Os três ficaram alguns segundos olhando para janela pensando em toda aquela situação.
- Se lembram de quando foi que começou a nevar em São Paulo?  - perguntou Pepe.
- Não foi ontem? – tentou Barganhas.
- E que dia é hoje? – disse Pepe.
Na tentativa de responder a questão, Salazar procurou no jornal o cabeçalho. Não havia data no jornal.
- Será que somos mesmo os loucos? – indagou Salazar, bastante assustado.
- Não sei... – falou Pepe – Quem garante que somos reais? Quem garante que você não é uma projeção fictícia do meu cérebro ou eu sou uma projeção do seu?
As batatas fritas estão muito boas” pensou Barganhas. Olhou para cada uma delas e se perguntou se o sabor de todas elas era real. Todos aqueles acontecimentos não faziam sentido, nada tinha uma explicação lógica. E Barganhas só conseguia pensar em como aquelas batatas fritas estavam saborosas.

                        - É certo, então... – concluiu Barganhas – Nós é que somos loucos.
- Sim. – concordou Pepe.
- Ok. – corroborou Salazar.
- O que faremos então? – problematizou Barganhas.
Todos se entreolharam e beberam mais um gole de seus drinks. As fritas acabaram e a neve se intensificou.
- Não podemos apenas aceitar a loucura? – questionou Salazar.
- Acho que sim. – disse Pepe.
- Aceitemos a verdade, então. – determinou Barganhas.
Após alguns segundos de silêncio, a luz do bar se apagou; um breu tenebroso se alastrou pelo local. Uma luz se acendeu em cima dos três amigos, mas suas roupas estavam diferentes; viram-se cada um com uma camisa branca e calça igualmente branca.
A mesa também foi iluminada, mas agora não era mais de madeira, e sim de metal; as pontas eram redondas e a superfície era fria e cinza. Via-se em cima dela um amontoado de copos descartáveis jogados e alguns remédios espalhados.
Logo o ambiente todo se iluminou; os três amigos viram-se numa cantina de hospício. Sentiram-se aterrorizados com o que se passava.
- O que significa isso?! – questionou Salazar, esperando uma resposta sincera.
- Acho que é isso mesmo. Nós é que somos loucos! – constatou Pepe.
- Estávamos todos na mesma alucinação? – perguntou Salazar – Isso é possível?
- Não, meus caros... Acho que aquela era a mesma realidade. Essa aqui é que é uma farsa. – afirmou Barganhas.
De fato, aquela verdade os incomodava. Preferiam voltar à inexplicável São Paulo à viver a realidade sombria e exata a que foram apresentados.
- E então? O que faremos? – indagou Barganhas.
Logo entenderam que os drinks eram os líquidos que tomaram e as fritas eram os remédios. Certo ou errado viveram até ali dentro de uma ilusão. Por mais que fosse apenas uma distorção daquela realidade, era mais cômodo quando apenas bebiam e gargalhavam juntos.
- Eu não sei... – disse Salazar – Apenas sei que isso é loucura.


terça-feira, 12 de março de 2013

Do latim: amor

O que é amor?


O significado de 'amor' segundo o dicionário Aurélio:

(ô) sm. 1. Sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outrem. 2. Sentimento de dedicação absoluta de um ser a outro, ou a uma coisa. 3. Inclinação ditada por laços de família. 4. Inclinação sexual forte por outra pessoa. 5. Afeição, amizade, simpatia. 6. Objeto do amor (1 a 5).

Obs.: Tomei a liberdade de grifar os significados 1. e 5. acima pois gostaria de comentá-los em sequência. 

Podemos dizer que o amor é algo intrínseco ao ser humano, seja este fraterno, platônico ou mesmo na semântica de afetividade que a palavra traduz. Amor é algo que não é medido, não existem 'punhados de amor', tanto que pra demonstrarmos a intensidade de uma afetividade é difícil expressar o 'quanto' você ama algo ou alguém. Um conceito abstrato que apenas nós seres humanos, como criaturas racionais que somos, podemos compreender e estudar a ação.

O amor fraterno, por exemplo, é existente em inúmeras espécies de animais, causando afetividade de progenitores por suas crias e não é muito diferente em nosso caso. Nós como seres humanos, tratamos esse amor de forma especial, traçando laços afetivos com nossos parentes e unindo tais sentimentos tecemos um novo conceito: o de família.

Família por sua vez, em sua etimologia deriva de três palavras latinas:

famulus = que serve, lugar em função de.

faama = casa.
famulo = do verbo facere, a indicar que faz, que serve.

Tais conceitos unidos, traduzem a ideia base de família, que seria mais ou menos 'aquilo que serve como casa', ou seja, um conjunto de pessoas unidas que formariam o lar. 

Divagando um pouco, me pergunto se o conceito de família hoje em dia segue esta semântica dada... Afinal, hoje em dia, com tantos divórcios, estruturações familiares diferentes, distanciamento de elos afetivos, dentre tantos outros fatores que podem prejudicá-lo, o conceito de família ainda continua de pé?!?

Cresci com um conceito um tanto quanto diferente de família e gostaria de partilhá-lo com todos:

Família é quem se importa, é quando a estruturação e a semântica da palavra 'amor' são levadas ao extremo. Onde os envolvidos se desejam mutuamente o bem e há uma afetividade por parte dos mesmos. Amor fraternal, neste caso, também entraria a semântica de amizade. Não aquela amizade de interesse, de conveniência, mas sim o pleno significado de companheirismo e compaixão. O sentimento de que você sempre pode contar com a pessoa e você se dispõe a ajudá-la em qualquer momento de tristeza, dificuldades e necessidades. Família não é ditada por um sequenciamento genético similar, olhos da mãe, queixo do pai, olhar da prima. Perdão a algum geneticista se estou a falar abobrinhas, mas para mim, família é quem cuida.




quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Afinal, somos humanos não somos?



Bom, decidi que postaria uma crônica que já fiz há algum tempo, mas que mereceria estar aqui desde o momento em que foi posta no papel. Essa rápida introdução é apenas para ressaltar que o pessimismo demonstrado nos textos que aqui posto, não é proveniente de experiências reais, tampouco é exposto de maneira intencional. Tenho uma vida muito animada, diga-se de passagem.  Contudo, o que me vem à mente e acho que é digno de ser mostrado, eu o faço. Pessoalmente, das coisas alheias que trago ao mundo, esta foi uma das que mais me arrependi. A última flor do Lácio não merece certos tipos de horrores trazidos à tona; o texto em si não traz nada de terrível, nem é extraordinário, apenas me deu medo de sentir na pele tudo aquilo que o personagem sentiu. Não tente encontrar metáforas nem enigmas nas entrelinhas... Não fiz com esse propósito. Não é bem escrito, o título não é bom, não é profundo, mas ser aquele homem é aterrador. Chega de enrolar, parte logo para a leitura.


Uma breve história

Ele preferia permanecer de olhos fechados. Tudo era monótono e vazio: aquela maca, as paredes brancas, o sorriso falso das enfermeiras maquiando a realidade. Mas o que mais revoltava e indignava o homem eram as cenas absurdas e hiperbólicas que a família encenava ao ouvir as más notícias trazidas pelos médicos.
Lembrou-se então do dia em que recebera a notícia. Aos trinta anos descobrir que desenvolveu um tumor no intestino não era nada animador. Recebeu a notícia como algo banal; não que não soubesse a seriedade do que estava por vir, mas estava disposto e encará-la sem medo.

Bom seria se dependesse apenas dele. Trataram-no como finado. Entre assinar papéis e encaminhar procurações, foi lembrado de nunca fizera um testamento. 25% para o filho mais novo, 25% para o mais velho e o resto para a esposa. Na assinatura do termo, um sentimento tão claustrofóbico foi despertado; aquele que se esconde aguardando um menor descuido na sua autoconfiança. Aprece para dar início aos conflitos longos e desgastantes: a dúvida. “Vou morrer hoje? Amanhã?”, perguntava-se desesperado, “Amei o suficiente? Fui Amado o suficiente?”.

Sem perceber, a família o fazia acreditar que todos os dias eram o último. A quimioterapia fazia sua função, todavia os efeitos colaterais somados às picuinhas familiares chamaram o homem ao leito de morte.

Depois das lembranças aterradoras, imaginou a frase de seu epitáfio. Pensamentos fúnebres eram constantes e por isso não fazia questão de ignorá-los. Já escolhera a roupa, o caixão, comprara a jazida – tudo com auxílio da família, que não pestanejou -, mas aquele maldito grupo de palavras unidas resumindo o que foi uma vida não lhe vinha com facilidade. “Aqui jaz um homem morto”, ironizava, sempre antes de desistir. Conclui então que ao menos essa conjectura deixaria para a família.

Abriu os olhos, contudo não se sentia o mesmo. Percebeu que a ceifadora batia à sua porta. Olhou para os filhos sentados a beira da maca, brincando distantes, com seus cérebros infantis imaginando os seus poderosos carros alcançando o infinito. Admirou a esposa sentada no pequeno sofá de enfermaria fitando a rua e o céu plenamente azul que cobria a cidade neste dia. Sussurrou para si mesmo: “Foi bom viver”. Entregou-se à Morte como uma pena flutua sobre um lago sereno. 


P.s.: Um pequeno feedback seria interessante.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Revolution

Era cerca de duas horas da manhã, em meio ao descampado um pobre soldado perdido na madrugada, com seus olhos cansados e úlceras cravadas em sua carne de batalhas anteriores se põe a repousar à beira de uma árvore, ouvido brevemente seus pensamentos sussurrarem em meio ao tiroteio coletivo. 

Os "Redhearts", como se intitulavam, haviam perdido inúmeros patrulheiros, muitos nobres de coração e espírito, antigos companheiros de uma batalha épica travada desde os remotos tempos da antiguidade. Lembrava assim de cada um de seus rostos, fitando-os em suas feridas e, cada pedaço arrancado de seu peito parecia o confortar com suas palavras:
"Não se lamente por erros passados ou se preocupe com o futuro, o presente é a maior dádiva de sua vida, viva-o sem se lamentar. Só não faça algo estúpido, sim?!?"
"Se você preza por alguém, agarre-se a ela! Um pássaro que bate muito suas asas pode não voltar, mas dê a ele alguma liberdade, afinal de nada vale um pássaro em suas mãos se você o esmaga tentando protegê-lo."
"Você ainda é jovem soldado, sua amada não estará o esperando com os braços abertos se você não lutar para tê-la. Além disso, ela é um ser humano, e assim como você é sujeita a erros. Se a ama, lute por ela, se não for o suficiente, lute mais, porém saiba quando se dar por vencido."
"A solidão é um mal soldado. Preze por suas amadas, sim, mas nunca se esqueça de seus amigos, pois serão eles que lhes salvarão nos piores momentos, nem se esqueça do verdadeiro amor rapaz, o ágape."
Uma chuva de sal caíra em seu peito após um devaneio de olharem em direção ao céu noturno. As salvas de tiros não lhe escapavam aos ouvidos. Sabia que seria apenas questão de tempo até tudo estar decidido, afinal, após quase duas décadas de resistência aos ideais inimigos os rebeldes sufocariam brevemente toda sua infantaria, somente questão de tempo...
Nas últimas décadas houveram grandes vitórias para o lado dos "Redhearts". Grandes batalhas e momentos de felicidade no avanço e disseminação de seus valores. A lealdade, a ternura, a esperança de que um nobre coração poderia prosperar em meio à indiferença, à crítica de valores e à política do "pegue o que quiser".
Só de pensar que a moral nos corações daqueles jovens poderia se tornar cinzas espalhadas ao vento causava ânsia naquele jovem de 19 anos, com seu fuzil depositado no peito e lágrimas do que passou até então...
- Alto lá! - ouviu ele, do início da vegetação densa, à sua frente. Passos se estendiam pelo descampado e o exército rebelde o havia cercado, como num piscar de olhos.
- Olhe só o que temos aqui, um jovem "Redheart". Não se preocupe meu bom rapaz, pelas suas feridas já sofreu demais, sua morte será rápida - disse o rebelde logo à sua frente, empunhando sua arma e firmando-a em seu peito.
- Eu me rendo, me rendo! - disse o jovem rapaz - Faça o que quiser de mim, aceito teus ideais, cavalheirismo nunca mais! Já sofri demais nesta batalha! Desde os 14 anos estou preso à esta guerra secular, não vejo mais o fim do túnel! Me rendo!! Por favor, poupe minha vida, serei escravo de tua filosofia.
- Você é um emblema de uma filosofia meu garoto. Não podemos deixá-lo em pune. Quais suas últimas palavras?
- Minhas últimas palavras? - Um breve silêncio circundou o descampado, onde apenas os barulhos dos cães das armas ao serem engatilhados formavam quase que uma sinfonia mórbida.
Estas são minhas últimas palavras, e que elas sejam ouvidas ecoando na eternidade. Que os valores de antigamente não se percam. Que minha amada, onde quer que ela esteja, venha procurar por mim. Cansei de ser ricocheteado por suas balas, perfurado por suas baionetas e torturado em suas celas de indiferença. Os valores morais que eu creio são ouro perto da idade do bronze em que estão convivendo. De nada adianta triturarem meus ossos, meu espírito não será quebrantado. A sociedade está corrompida com falsas medidas e manipulações de mentes. Onde está o cavalheirismo nestes tempos de covardia? Onde está o amor nos tempos de ódio? Por Deus, onde está o companheirismo em tempos individualistas como estes?!? Por meu último pedido, lhes rogo para pregar estes valores. Meu coração está a arder em chamas e meu corpo dilacerado por tuas vis mãos. Meu coração ainda crê nesta guerra, porém, infelizmente para mim, esta batalha está terminada. À Deus.

~Não desistam nobres companheiros, a batalha é árdua sim, porém a recompensa lhes será eterna.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

A crise da nova era


Há duas palavras para serem definidas, antes de tudo:
  1. Amor: Sentimento que induz a aproximar, a proteger ou a conservar a pessoa pela qual se sente afeição ou atração; grande afeição ou afinidade forte por outra pessoa (ex.: amor filial, amor materno).
  2. Amizade: Afeição recíproca entre dois ou mais entes.

Começando pela primeira, pode-se perceber que na sociedade atual perdeu-se muito do significado denotativo da palavra. Amor já não é mais uma grande afeição – considerando aquela que se constrói em muito tempo de convivência – e sim algo corriqueiro, ou até mesmo sazonal. O Brasil adora exibir para o mundo o quão caloroso e receptivo é com as pessoas que visitam, todavia isso cria na própria sociedade o desgaste do discernimento entre o que é afinidade e amor efetivamente, refletindo na falta de confiança entre as pessoas. A evidência  é o grande cinismo que existe entre as relações de amizade recentemente formadas; duas pessoas que se conhecem há apenas um mês, por exemplo, já se consideram melhores amigas – ou seja, estabelecem uma relação amorosa segundo o que foi definido anteriormente -, contudo, criam um afastamento enorme após a primeira discussão.


Juntamente a isso, pode ser introduzida na análise a segunda palavra, que também foi banalizada no sentido denotativo. A hipocrisia da boa educação obriga o indivíduo a ser recíproco em relação à pessoas cuja presença não lhe agrada. Isso causa um sério problema de desconfiança entre os “amigos”, já que não há certeza da autenticidade da reação do outro, mesmo após algum tempo de convivência. Ainda usando o exemplo anterior, supõe-se que, mesmo após a discussão, as pazes foram feitas. Assim, um dos indivíduos volta a considerar o outro melhor amigo – banalizando novamente o amor -, e o outro, todavia, é recíproco naquele momento, mas depois fala mal do “amigo” para outras pessoas.

Tais banalizações causam hoje um problema muito sério de confiança entre as pessoas. Estabelecer relações de amor e amizade leva tempo e não podem ser facilmente rompidas como algo corriqueiro. Isso futuramente pode refletir numa sociedade formada por uma grande maioria de pessoas sozinhas e hipócritas ao extremo. Concluí-se portanto que o problema não é ser caloroso na atitude, mas sim exagerado no uso das palavras para definir uma relação.

sábado, 1 de setembro de 2012

A Lágrima


Forma-se bem no canto das janelas da alma. É tímida inicialmente. Tímida sem exageros, pois o peso que lhes foi designado é bem maior que o tamanho físico. Singela, escorre numa corrida angustiante para chegar ao fim, fugindo de quem a criou.

Ávida, molha tudo o que vê pela frente, limpando a alma e renovando o sentido pelo qual foi feita. Quando chega ao desfecho da sua jornada, leva consigo as dores e as aflições do espírito. Alivia, relaxa, renova. 

Logo que escapa, libera tantas outras expressões de forma única e inexplicável; sejam elas de alegria ou de tristeza. É o gatilho do sentimento em sua forma mais extrema. É a liberdade da emoção.

Dá-nos certezas, lições e aprendizagens que jamais teremos novamente. Sente-se o abatimento saindo corpo. Dá-nos a certeza de que ainda somos humanos.

Uma simples gota de água com um pouco de sal é mais pesada que o próprio criador.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Childhood

Relembrando e assomprando fotos velhas de um álbum há tempos trancado tenho a nítida sensação nostálgica que um senhor de 70 anos deve sentir em seu peito ao olhar seus netos correrem pela sala. Recentemente uma campanha do facebook reativou essa parte de meu córtex cerebral. Foi tão nostálgico conversar com Scooby-Doo, com Dragon Ball, Flintstones, Cavaleiros do Zodíaco, dentre tantos outros desenhos que marcaram minha infância. Ao lembrar dos velhos cartuchos assopráveis, dos tazos holográficos que vinham nos 'chips' de sabores que fediam tanto que botar um aberto no fundo da sala de aula na 'hora do recreio' era a melhor pegadinha existente!

Mas o mais incrível e que me dá mais orgulho de tudo isso, foi uma Campanha de nossa Ordem nas Escolas Municipais da cidade. Compramos bolo, refrigerante, sorvete, fizemos algodão-doce e alugamos algumas camas-elásticas para passar periodos com crianças nas escolas. DeMolays unidos, de 13 até 20 anos trabalhando em prol da conservação da educação, do riso, da felicidade mas acima de tudo, da caridade. Cada gargalhada, sorriso tímido, de canto, valeu o cansaço de exaustivos dois dias de trabalho.

Todo jovem em algum ponto de sua vida tende a se deparar com essa época de sua vida e encará-la, e todo jovem deveria levá-la como uma preciosa jóia guardada a sete chaves em seu peito de mármore, como um tesouro a ser guardado pra sempre em sua recôngita memória. Para que, quando cheguemos ao meio dia de nossas vidas, contemplemos um trabalho bem feito.

Infância

Almanaques, Bicicletas, Chambinhos,
ABC, uma vida a nascer.
Desenhos, Esconde-esconde, Figurinhas,
DEF, uma pessoa a viver.
Gibis, Heróis, Iogurtes,
GHI, um bebê a engatinhar.
Jabuticabas, Karaokês, Letronix,
JKL, uma pessoa a caminhar.
Machucados, Nintendos, Orelhão,
MNO, uma criança a colorir.
Pirocópteros, Quindins, Rolimã,
PQR, uma pessoa a sorrir.
Salgadinhos, Toddynhos, Uniformes,
STU, um adolescente a se opor.
Viagens, Windows, Xampu,
VWX, uma pessoa a compor.
Yakult e Zodíaco.

Ao me deparar com o Y e o Z
de início quase morro de desgosto,
mas quando percebo o abecedário da vida,
um largo sorriso se abre em meu rosto!

:)

(CASTELANI, Paulo G., 12 de outubro de 2011)

E para não perder o costume, uma pequena amostra de minha infância:




~Dedicado ao tempo, o derradeiro destino de tudo que respira ou existe.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Déjà vu


A sensação de ter passado pelo mesmo antes. Mesmo frio, mesmo lugar, mesmo sentimento no peito.

Wikipediando: "Essa sensação se dá por conta que uma memória ou uma simples lembrança de algo que aconteceu rapidamente, fique armazenada em sua memória de longo prazo, sem passar pela memória imediata, ou seja, você guardou uma lembrança de algo, que você "não presenciou", ao presenciar novamente você tem a estranha sensação de já ter vivenciado aquele fato."

Podem ser bons ou ruins. Absolutamente, hoje foi bom. O que sinto hoje, é ruim. Não tento esquecer o tempo, o tempo é bom, nós temos que aprender com ele. Não me arrependo de nada que fiz, de nenhum de meus amores, guardo com carinho as lembranças e continuo seguindo em frente, sem abaixar a cabeça quando alguém me sobrepõe um olhar. E assim eu deveria me sentir alegre, vivo, certo? Errado. Eu idealizo demais, me lanço em um futuro distante, onde carros flutuam sobre nuvens, deslizando em um balé pelo céu. A realidade, o ato de "botar os pés no chão", entretanto, é tão complexo, tão diferente de como penso que normalmente meus joelhos se esfacelam toda vez em que o Presente me chama.

Eu sou um ser apaixonado, amo o que faço, amo meus versos, amo ideais, amo virtudes, amo minha vida, amo, amo amo am a...
Mas amor nos dias de hoje -aquele dos contos de fadas, de cavaleiros reluzentes, princesas em perigo, finais felizes- é metaforizado em carne. Nunca fui poeta da carne, nunca almejei o ter posse, o agarrar, o abocanhar, deixo isso aos cães! Sempre idealizei o amor, sempre senti o máximo que esse amor poderia me fornecer, mas Deus, como é difícil amar!

Mudar é preciso, conviver é necessário, mas amar, é obrigatório.

Amor ao próximo, amor aos pais, amor à pátria, amor à vida, amor à virtudes, amor.
Mas quando deixamos de amar, deixamos de crer. E às vezes o problema não é deixar de amar, mas deixar de confiar, de acreditar, de viver. Assim, átomos se dividem, continentes viram ilhas, Galáxias se afastam no vasto infinito do Universo.

Amar: verbo transitivo direto!
Perdoem-me os linguistas e gramáticos, correção:
Amar: verbo intransitivo!

Tudo bem que a sociedade hoje banaliza e parece sempre reafirmar o comportamento brutal do homem. Seres do Paleolítico, desprovidos de qualquer sensibilidade, rústicos, lascando pedras à vontade alheia!
Eu não puxo mulheres pelos cabelos, não rasgo carne crua com os dentes, não caço. E assim, como um homem que tem conciência que sabe (homo sapiens sapiens) eu continuo a AMAR.

~Perdão caros símios, mas doze mil anos nos separam.


quarta-feira, 11 de maio de 2011

Nostalgia

-Deriva Nostálgica-

Ah, os tempos de criança! Pular, correr, morder, puxar, brincar, brincar, brincar!
Como era bom fazer do Sol minha touca de lã, dos dias o meu recreio, da escola meu playground, da vida o meu carrossel! Alguns me falam: "Nostalgia aos 18? Tá crescendo cabelo branco? Já tá com dores nas costas?", de primeira instância rio da situação, mas sim, "Está" e "Estou". Tive essa sensação repentina ao pisar no meu colégio, ao olhar fotos antigas da minha turma, mas a maior sensação que eu já tive foi hoje, ao ver cerca de 6 a 7 moleques espirrando água da piscina pra tentar retirar uma bola lá do meio. Daí me lembro dos tombos de bicicleta, das partidas de futebol que eu passava no gol, em tantos sabores de sorvete que eu experimentei, em tantas paixonites que eu tive quando pequeno, em tantas risadas, cheetos abertos no fundo da sala, lápis apontados até o "toco" e borrachas minúsculas com a intenção de acabá-las. Garrafinhas de sodinha, balas de iogurte ou coca-cola, salgadinhos da cantina, comendo no pátio repleto de mangas caídas e flores ao chão nos dias de outono. De voltar pra casa aos prantos por ter caído e ralado os dois cotovelos! De chamar os amigos pra dar pulos recém-inventados na piscina, ser picado por marimbondos, brincar de lego com os amigos, montando casas, carros, turbinas de avião, espacionaves (provável razão pra eu adorar a arte da Engenharia), de tomar limonada em dias quentes de verão e de chamar os amigos para posar em casa só pra poder dormir tarde com a desculpa de estar jogando videogame! Mas principalmente de ter acordado com vontade de ir pra escola, de passear pela vizinhança só pra passar por esses e tantos outros momentos e aos poucos, descubro minha vida, redescubro meus pensamentos, e mais do que nunca: sou feliz!

Nostalgia

Bola na água: olhinhos atentos
Com três bonés retiram a redonda
Partida retorna, infância no vento.

~Dedicatória aos meus tempos de "moleque".

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

VDM

Me canso de mim às vezes. Como consigo deixar tudo pior, até mesmo para os outros. Estorvo, me sinto assim, não gosto. Não quero mais ser, mas o que posso fazer? Sou. Dias como hoje me fazem perceber isso. Tenho muitos planos na vida, mas parece que ou penso alto demais ou não faço o suficiente pra alcançá-los. Não gosto da minha situação, queria que às vezes eu tivesse controle sobre o Tempo, sobre o Futuro, mas não tenho. Sou humano, erro, mas estou cansado disso! Basta. Escrevi isso em 10 minutos, até.

vivo, Morro.

Não preciso rimar, rimas embelezam. Minha Vida não é bonita.
Vida em cacos, planos furados
Futuro em vão?
Não. Não quero, não gosto.
NÃO PODE! NÃO PODE!

Avestruzes enterram suas cabeças?Mito ou não, deve ser bom fazê-lo.
Não ver as dores do mundo, as decepções da vida
Não sentir o amargor de uma prova,
cunhada pelas garras sulfurosas de demônios,
e após sentí-las em teu ventre rasgando peito adentro.
Não ganhar dinheiro, pois assim não se gasta,
não se paga, não se deve, não se perde, não falta.
Não se sentir vazio, pois fechando olhos, ouvidos e boca
você não vê injustiças, ouve desgraças
nem as fala para os outros, piorando o dia deles.
"Fim da humanidade, Paz na Terra!", já entrelinhava Machado.
Fundo de verdade, ele tem.
Estragando a vida dos outros não fazemos o bem.
Erramos muito, pedimos "desculpa" demais.
Uma palavra desfaz ações? Não. Limpa a "culpa".
Gosto de me julgar pelos meus atos.
Sentença de morte! LENTA e DOLOROSA!
Então vou continuar minha Vida.

(CASTELANI, Paulo G. - 10 de janeiro de 2011)

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Momentum



-Deriva Observacional-

Tempo ao tempo, momento, presente, instante. É bom viver quando se há motivo pra sorrir, algo pra te levantar quando tudo parece te pesar o pescoço. Ja me preocupei com o passado, vivia pensando no futuro, mas esses luxos não me cabem mais... Estou aos poucos me adaptando, minha cabeça fica zonza ainda, mas a cada eu dia que passa eu desperto para a vida, aproveito o minuto, o segundo ao lado de quem e do que gosto. Estou me acostumando, a aproveitar a vibração da corda do violão, a nota que soa livremente no ar, a sensação da brisa, o cheiro no cabelo, os minutos no colo. Bom, aqui está o meu primeiro poema, o impulso para minhas ideias:


Ode aos amantes

Quando sente-se algo que tem no peito
queimando como brasa, fogo
que sempre se sente de novo
quando na vida não há jeito

Observa-se o céu escuro, estrelado
mesmo se sentindo sozinho
que parece te guiar a um caminho
ao lado do teu amado

Faz-se poemas tolos, sem razão
difíceis de se compor do nada
mesmo quando a vida é um vorrão
e se anda sozinho na madrugada

Começa-se a vida novamente
mirando-se sempre ao redor
sempre se permanece contente
estás mais leve, melhor.

Acabo me referindo aos amantes,
sortudos, oh! como são!
pois encontraram seu 'para sempre'
ou será que ainda não?

(CASTELANI, Paulo G. - abril de 2008)

~♥

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

7º Preceptor



-Homenagem-


Pujante imagem auriverde! Bragança e Habsburgo numa dança poligonar infinita. Pátria amada, merecedora de nosso respeito! Por teu formoso céu, risonho e límpido, as estrelas decaem na imensidão de tua terra, traçando uma linha esplendorosa de Ordem e Progresso. Dia e Noite se completam num ciclo sem fim, a Vida se completa nessa roda infinita, e Eu, no auge de minha juventude, tenho o prazer de cultivar tamanha virtude em meu peito. Chama ardente que trasteja em meus lábios ao cantar às margens plácidas do Ipiranga, que ouviram o brado retumbante de um povo heróico! Se os jovens de teu seio possuíssem tal respeito, tal admiração, talvez nós honraríamos o juramento de fidelidade ao nascer sob esta bandeira. Riqueza celeste que ostentas, matas robustas que residem sob sua vasta terra, agradeço a vós por nos ostentar até nosso alento. Aqui fica minha homenagem à todos os brasileiros e à nossa Pátria amada e idolatrada! Salve, salve!

~Pois da terra viemos e à terra retornaremos.





Belíssima interpretação na guitarra! :D


sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Tropeço



-Deriva Impusional -

Decepção. Descontentamento. Saber que tudo o que você fez ainda não foi o bastante. Sua personalidade, seus hábitos, tudo pelo ralo. Rever, reorganizar, recomeçar. Temos chance ainda, mas se fosse como nos jogos, no qual TUDO retorna ao zero, que bom seria! Mas a falha arde. Arde como um marimbondo que pousou em tua mão e te ferroou sem piedade ou remorso, apenas visando expulsar o invasor, mesmo se isso significar sua vida. Preciso de forças, de um ponto de apoio, onde eu possa desabafar, sempre contar quando necessitar e me empurrar pra frente rumo ao infinito. Mas quando só se consegue patadas de lobos maiores, o lobo franzino só pode abaixar a cauda e meter as mãos entre os focinhos, apenas observando e esperando sua chance. Mas o impulso dele é que, para que ele cresça e consiga aproveitar da caçada no futuro, é necessário que ele continue tentando e aproveitando cada brecha, cada luta e às vezes, caminhar sozinho.

~Podemos aprender muito com os outros seres vivos.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Cabeça...

...a mil. Vida nova, começar do zero. Quero muito isso e vou correr atrás de acontecer. Só Deus sabe o que passei, o que vivi, o que senti, o que amei, o que sofri, o que aprendi, o que desaprendi, e as burrices que nessa vida fiz. Não quero mais cometer burrices, e nossa, acho que esse dia vai marcar. Aconteceu alguma coisa ou não aconteceu nada? Não, com certeza alguma coisa. Se confio em minha cabeça tomo um rumo, mas sinceramente, nem sempre o cérebro é o correto. Por isso a nossa sociedade ética está no chinelo. Vamos voltar ao embate literário: Romantismo vs. Realismo. No corner esquerdo, os Sentimentalistas Golçalves Dias, Álvares de Azevedo e Castro Alves! No corner direito, os Objetivistas Machado de Assis, Raul Pompéia e Visconde de Taunay! Façam suas apostas! Pf. 100.000 cruzados no Romantismo! Odeio Machado. Pra que ser tão pessimista em relação ao coração? Puxe meu pé à noite se quiser Machadinho, mas aposto que Álvares te daria um gancho de canhota se o pobre homem não fosse tuberculoso. Temos de seguir o coração em comunhão com o cérebro não acham?

Fortuna+Razionale=Risposta.
Ai, ai. Tão difícil quando os dois não cooperam. Mas graças a Deus, nunca me decepcionei das minhas decisões. Já quebrei a cara, já. Mas a melhor coisa quando isso acontece é observar o erro e tentar consertá-lo.


~Deixo aqui minhas desculpas. E o meu tentar perdoar e ser perdoado.

E para não deixar os meus poemas no vácuo. Aqui reside um momento do meu passado:



Saudade


Quando eu começo a escrever
com este sentimento certo em meu peito
parecendo que estou sob meu último leito
eu começo a perceber meu viver.

Tudo que já me aconteceu
passa por minha mente,
sentimentos tristes ou contentes
de alguém vivo ou que já morreu.

A montanha-russa sobe e desce
assim como meu coração
que pulsa ao lembrar daquele momento,
daquela intensa sensação.

Agora estás longe de mim
e nada posso fazer a respeito
apenas viver apaixnado, bobo
mas estou certo que daremos um jeito.

A mensagem sua ainda está gravada
bem aqui dentro da minha cabeça
onde ninguém tirará de mim
pois você é minha amada.

e assim como eu penso em você
simplesmente, pensa em mim...

(CASTELANI, Paulo G. 17 de janeiro de 2009)



E uma música que sempre me recordo daquele momento.



Realmente, eu espero.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Hope



-Deriva Sentimental II-

Angústia, faca atravessada na alma do cidadão. Por um lado, temos a descrença que corrói, fazendo-te achar que nada que realizou bastou ou que nenhum de teus esforços prestou, porém no fundo da angústia também reside a esperança, contraditória à citada anteriormente pois ela te faz crer que dias melhores virão, que podemos alcançar o infinito se desejarmos e que nos dá força a continuar na labuta. Pessoas tendem a crer na descrença, ou seria descrer na crença? Enfim, tal atitude leva ao pessimismo e ao conformismo, mal assombroso que arrasa a sociedade. Devora almas e nos leva a achar que somos insignificantes, medíocres, quando na verdade só precisamos seguir em frente. Já, se acreditar em um bem maior, um bem que pode alcançar facilmente em sua caminhada, seus esforços não serão em vão, pois já foi me dita a seguinte frase: "Para andar, é primeiro necessário aprender a cair."

~Assim é a vida: feita de tropeços. Mas é preciso seguir em frente, sem olhar pra trás.


Confiança


O cair da chuva à madrugada
Meu viver fico, a divagar,
Futuro, desconheço a estrada,
não consigo mais esperar.

Será que serei contente
posto que tais espadas
em meu coração cruzadas
vão corroendo-o tristemente?

Com choro e cinzas de fato,
sofrimento estou farto
e de apenas pensar
dor nenhuma irá salvar.

Mas uma luz, a esperança
que das sombras hei de levantar
Deus-Pai assim nos alcança
então tenho forças para lutar.

Abençoe teu povo maculado
por Ti oram eternamente
Tua graça se torne no crente
mão robusta contra o pecado.

E que assim como na palavra sagrada
com tudo na vida não valendo nada,
imenso seja teu carinho e poder,
amor sincero em meu viver.

(CASTELANI, Paulo G. 16 de julho de 2010)




domingo, 4 de julho de 2010

Happy-ness



-Reflexão Motivacional-


Toda a humanidade procura razões. Razão pra fazer algo, razão pra continuar, razão pra amar, mas principalmente e, em consequência das outras, a razão para viver. Buraco existencial - todos possuímos, alguns o preenchem de comida, outros, tentam o preencher com estudo (é o que preciso fazer de agora em diante, mas não consigo captar) e outros tentam preencher com amor. Os que preenchem apenas com comida, apenas com estudo e apenas com amor acabam, inevitavelmente infelizes. Débeis, compulsivos e vazios em nosso esteriótipo viram, respectivamente: 'obesos, nerds e galinhas'. Well, well, well. Talvez alguem já tenha feito a proeza de conciliar as formas de preenchimento, mas como eu queria pedir dicas a ela! Talvez a felicidade esteja na união delas pela mão de Deus. Talvez por isso me sinto renovado ao entoar hinos e voltar domingo à noite do culto. Ah! A música! Pode ser isto também? Aquilo que libera endorfinas em nosso corpo nos dando a impressão ou talvez a eterna felicidade? De qualquer jeito, não temos motivos para tal, mas sempre nos sentimos vazios, solitários, sésseis, como apenas mais um na multidão. Pode ser isso que impulsionou a 2ª Geração Romantista de nosso território nacional a viver a vida loucamente. Carpe Diem. Novamente cito meu caro Byron, juntamente do pobre Álvares de Azevedo. Me identifico muito em suas palavras parceiros de cripta. No entanto, o ser humano não alcançará a felicidade se ficar apenas no queria, podia ou faria. Se no além-túmulo encontramos a felicidade está, vamos todos descobrir, um dia quem sabe, mas enquanto isso, o acaso vai me proteger enquanto eu andar distraído.

~Se não estou feliz agora, confio em Ti, pois somente assim, serei feliz. Enquanto isso, viverei.




terça-feira, 1 de junho de 2010

Flashes



-Deriva Passional-


E como tudo começa, termina. Luzes me cegam. *flash!* *flash!* No mais, me acostumo com isso, me adequo. A vida é sempre assim, não há constância, a Terra gira. Já dizia a propaganda, Keep Walking, grande conselho. Aprendi a amar, mas aos poucos acho a medida certa. Sempre amei de mais e me decepcionei pelas tentativas. Me critiquem, mas sou um romântico. Possivelmente o último Lord Byron existente nessa cidade quente e sufocante forrada por ritmos coordenados que se dizem música. Pff! Quem dera os compositores de hoje fossem como os dias brilhantes de progresso e protesto. Capital, Legião e Barão agora são só substantivos. apenas sombras do que viriam ser os dias negros da música nacional. O que era o rebolado agora é rebolation. Impressionante, como os tempos mudam. Uma canção de amor agora é taxada como emo. Mas a questão não é música não? A questão é sobre a nossa visão do amor, e como tenho azar nesta vida. Viva rápido, intensamente. Ideal romântico sobrepujado, porém subestimado pela sociedade atual. Iria ser tão bom se voltassem os tempos em que as serenatas eram coisas românticas. Em que o braço de violão poderia ser a passagem entre dois corações e o som a união de seus pensamentos, engalfinhando-se no infinito. Quero muito o amor na minha vida, mas logicamente, os passos atrás serão cada vez mais utilizados. Nada pessoal, só uma razão de segurança. Mas bem, adorei o tempo juntos, mas infelizmente só deu pra lembrança. Certeza que vou guardar como recordação. Mas o bom é sempre seguir em frente! Foi o melhor na ocasião. Mas de uma coisa, todos podem ter certeza, melhores lembranças virão!

~E aqui fico eu, derivando, com meu violão ♪




~Feliz Dia dos Namorados adiantado. C'est la vie!

terça-feira, 30 de março de 2010

Destino Cruel



Reflexão Existencial

Maldito destino menino, travesso em ação, palavra e existência. Relações nada podem contra tua mão. Nações tremem perante seu poder. Hitler sentiu. Stalin sentiu. Até mesmo Obama sentirá. Não há como escapar. A partir do momento que o jogo da vida começa, você só sairá do jogo no momento que suas cartas se forem, mas o pior não é isso, o pior é que você não escolhe que jogo de cartas você vai ter. Se comparássemos ao poker, todo mundo teria um Royal Straight Flush. Mas a vida não é assim, e, conforme você aprende as regras do jogo e, contando com a sorte, voce pode se dar bem. Ou não. Até mesmo cartas péssimas podem se dar bem no jogo, mas começar com uma boa mão é o melhor lance. Assim também é na vida. Realmente, eu nasci com sorte, não tenho nada pra me queixar de minha vida, tenho um apartamento, tenho amigos, tenho família. Mas lá de dentro, alguma coisa ainda me diz que eu não tenho tudo que precisava. O maldito buraco de verme feito no peito de cada recém-nascido, talvez pelo cordão umbilical ao ser arrancado. O que me faz lembrar. Ah! Como era bom o ventre. Quente, quieto, escuridão tão linda. Enfim, chega um momento. O momento que o destino escolhe pra você sofrer. Sofrer mais e mais. De novo, nosso amigo destino dá as cartas. Como eu queria esfaqueá-lo em alguns momentos, como eu queria abraçá-lo em outros. Mais a vontade de esfaqueá-lo, mas enfim, nascemos, vivemos, sofremos enquanto vivemos, morremos, vagamos, revivemos o ciclo. Só espero a morte. Derradeira libertação terrena. Não me apresso, não tenho desejo de morrer logo, quero aproveitar o bom, mas que ela chegue e que seje bom. Passar bem.


~Odeio o coração, odeio a vida, isso é motivo pra outra reflexão. Só quero viver e morrer.




Meu Epitáfio

Não sei porque escrevo isto
Nem porque continuo a acreditar
Que um dia serei feliz
Não irei mais esperar

Por um amanhã mais vivo
Por dias mais contentes
Com minha vida mais concreta
E com você sempre presente

Pode ser que não aconteça
Que contigo eu possa estar
Pode ser que eu não mereça
Tal afeto que já senti
Tal sentimento já vivi
Tais amores já caí
Tais palavras proferi
Tais noites não dormi
Só pensando em você

Meu coração adolescente
Contentamento descontente
Com um choro sorridente
Apenas por te ver

Em meu túmulo quero: Nasci, vivi, morri (amado à parte)

(CASTELANI, Paulo G., 5 de abril de 2009)



Minhas palavras, como Paulo Gustavo Castelani. Real amor, vida vazia.