quarta-feira, 24 de outubro de 2012

A crise da nova era


Há duas palavras para serem definidas, antes de tudo:
  1. Amor: Sentimento que induz a aproximar, a proteger ou a conservar a pessoa pela qual se sente afeição ou atração; grande afeição ou afinidade forte por outra pessoa (ex.: amor filial, amor materno).
  2. Amizade: Afeição recíproca entre dois ou mais entes.

Começando pela primeira, pode-se perceber que na sociedade atual perdeu-se muito do significado denotativo da palavra. Amor já não é mais uma grande afeição – considerando aquela que se constrói em muito tempo de convivência – e sim algo corriqueiro, ou até mesmo sazonal. O Brasil adora exibir para o mundo o quão caloroso e receptivo é com as pessoas que visitam, todavia isso cria na própria sociedade o desgaste do discernimento entre o que é afinidade e amor efetivamente, refletindo na falta de confiança entre as pessoas. A evidência  é o grande cinismo que existe entre as relações de amizade recentemente formadas; duas pessoas que se conhecem há apenas um mês, por exemplo, já se consideram melhores amigas – ou seja, estabelecem uma relação amorosa segundo o que foi definido anteriormente -, contudo, criam um afastamento enorme após a primeira discussão.


Juntamente a isso, pode ser introduzida na análise a segunda palavra, que também foi banalizada no sentido denotativo. A hipocrisia da boa educação obriga o indivíduo a ser recíproco em relação à pessoas cuja presença não lhe agrada. Isso causa um sério problema de desconfiança entre os “amigos”, já que não há certeza da autenticidade da reação do outro, mesmo após algum tempo de convivência. Ainda usando o exemplo anterior, supõe-se que, mesmo após a discussão, as pazes foram feitas. Assim, um dos indivíduos volta a considerar o outro melhor amigo – banalizando novamente o amor -, e o outro, todavia, é recíproco naquele momento, mas depois fala mal do “amigo” para outras pessoas.

Tais banalizações causam hoje um problema muito sério de confiança entre as pessoas. Estabelecer relações de amor e amizade leva tempo e não podem ser facilmente rompidas como algo corriqueiro. Isso futuramente pode refletir numa sociedade formada por uma grande maioria de pessoas sozinhas e hipócritas ao extremo. Concluí-se portanto que o problema não é ser caloroso na atitude, mas sim exagerado no uso das palavras para definir uma relação.

4 comentários:

  1. Um pouco pessimista. Escreves bem, mas não posso acompanhar a reflexão pois aínda a acho pouco desenvolvida. Me convide para ler seus textos mais vezes.

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  2. Quando se vive em sociedade é feita uma escolha de se ''viver em sociedade'', o que resulta em responsabilidades para com o outro. Não preciso amar o outro para conviver com ele. Preciso respeita-lo para ser também respeitado. Quanto ao amor, que ele apareça em várias formas e diversas intensidades, pois só enriquece quem o vivencia.

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  3. Quando se vive em sociedade é feita uma escolha de se ''viver em sociedade'', o que resulta em responsabilidades para com o outro. Não preciso amar o outro para conviver com ele. Preciso respeita-lo para ser também respeitado. Quanto ao amor, que ele apareça em várias formas e diversas intensidades, pois só enriquece quem o vivencia.

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  4. Incrível que uma língua tão rica quanto a portuguesa use apenas um termo - "amor" - para uma ampla gama de significados diferentes... Na minha opinião, esse é um dos motivos que essa palavra seja tão mal aplicada. Existem dezenas de níveis de relacionamento e afeição, que não podem ser definidos apenas com uma palavra. Hoje, mais do que nunca, dizer "eu te amo" tornou-se banal, desgastado, e confuso... Uma pena.

    Parabéns pelo texto!

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