terça-feira, 12 de março de 2013

Do latim: amor

O que é amor?


O significado de 'amor' segundo o dicionário Aurélio:

(ô) sm. 1. Sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outrem. 2. Sentimento de dedicação absoluta de um ser a outro, ou a uma coisa. 3. Inclinação ditada por laços de família. 4. Inclinação sexual forte por outra pessoa. 5. Afeição, amizade, simpatia. 6. Objeto do amor (1 a 5).

Obs.: Tomei a liberdade de grifar os significados 1. e 5. acima pois gostaria de comentá-los em sequência. 

Podemos dizer que o amor é algo intrínseco ao ser humano, seja este fraterno, platônico ou mesmo na semântica de afetividade que a palavra traduz. Amor é algo que não é medido, não existem 'punhados de amor', tanto que pra demonstrarmos a intensidade de uma afetividade é difícil expressar o 'quanto' você ama algo ou alguém. Um conceito abstrato que apenas nós seres humanos, como criaturas racionais que somos, podemos compreender e estudar a ação.

O amor fraterno, por exemplo, é existente em inúmeras espécies de animais, causando afetividade de progenitores por suas crias e não é muito diferente em nosso caso. Nós como seres humanos, tratamos esse amor de forma especial, traçando laços afetivos com nossos parentes e unindo tais sentimentos tecemos um novo conceito: o de família.

Família por sua vez, em sua etimologia deriva de três palavras latinas:

famulus = que serve, lugar em função de.

faama = casa.
famulo = do verbo facere, a indicar que faz, que serve.

Tais conceitos unidos, traduzem a ideia base de família, que seria mais ou menos 'aquilo que serve como casa', ou seja, um conjunto de pessoas unidas que formariam o lar. 

Divagando um pouco, me pergunto se o conceito de família hoje em dia segue esta semântica dada... Afinal, hoje em dia, com tantos divórcios, estruturações familiares diferentes, distanciamento de elos afetivos, dentre tantos outros fatores que podem prejudicá-lo, o conceito de família ainda continua de pé?!?

Cresci com um conceito um tanto quanto diferente de família e gostaria de partilhá-lo com todos:

Família é quem se importa, é quando a estruturação e a semântica da palavra 'amor' são levadas ao extremo. Onde os envolvidos se desejam mutuamente o bem e há uma afetividade por parte dos mesmos. Amor fraternal, neste caso, também entraria a semântica de amizade. Não aquela amizade de interesse, de conveniência, mas sim o pleno significado de companheirismo e compaixão. O sentimento de que você sempre pode contar com a pessoa e você se dispõe a ajudá-la em qualquer momento de tristeza, dificuldades e necessidades. Família não é ditada por um sequenciamento genético similar, olhos da mãe, queixo do pai, olhar da prima. Perdão a algum geneticista se estou a falar abobrinhas, mas para mim, família é quem cuida.




quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Afinal, somos humanos não somos?



Bom, decidi que postaria uma crônica que já fiz há algum tempo, mas que mereceria estar aqui desde o momento em que foi posta no papel. Essa rápida introdução é apenas para ressaltar que o pessimismo demonstrado nos textos que aqui posto, não é proveniente de experiências reais, tampouco é exposto de maneira intencional. Tenho uma vida muito animada, diga-se de passagem.  Contudo, o que me vem à mente e acho que é digno de ser mostrado, eu o faço. Pessoalmente, das coisas alheias que trago ao mundo, esta foi uma das que mais me arrependi. A última flor do Lácio não merece certos tipos de horrores trazidos à tona; o texto em si não traz nada de terrível, nem é extraordinário, apenas me deu medo de sentir na pele tudo aquilo que o personagem sentiu. Não tente encontrar metáforas nem enigmas nas entrelinhas... Não fiz com esse propósito. Não é bem escrito, o título não é bom, não é profundo, mas ser aquele homem é aterrador. Chega de enrolar, parte logo para a leitura.


Uma breve história

Ele preferia permanecer de olhos fechados. Tudo era monótono e vazio: aquela maca, as paredes brancas, o sorriso falso das enfermeiras maquiando a realidade. Mas o que mais revoltava e indignava o homem eram as cenas absurdas e hiperbólicas que a família encenava ao ouvir as más notícias trazidas pelos médicos.
Lembrou-se então do dia em que recebera a notícia. Aos trinta anos descobrir que desenvolveu um tumor no intestino não era nada animador. Recebeu a notícia como algo banal; não que não soubesse a seriedade do que estava por vir, mas estava disposto e encará-la sem medo.

Bom seria se dependesse apenas dele. Trataram-no como finado. Entre assinar papéis e encaminhar procurações, foi lembrado de nunca fizera um testamento. 25% para o filho mais novo, 25% para o mais velho e o resto para a esposa. Na assinatura do termo, um sentimento tão claustrofóbico foi despertado; aquele que se esconde aguardando um menor descuido na sua autoconfiança. Aprece para dar início aos conflitos longos e desgastantes: a dúvida. “Vou morrer hoje? Amanhã?”, perguntava-se desesperado, “Amei o suficiente? Fui Amado o suficiente?”.

Sem perceber, a família o fazia acreditar que todos os dias eram o último. A quimioterapia fazia sua função, todavia os efeitos colaterais somados às picuinhas familiares chamaram o homem ao leito de morte.

Depois das lembranças aterradoras, imaginou a frase de seu epitáfio. Pensamentos fúnebres eram constantes e por isso não fazia questão de ignorá-los. Já escolhera a roupa, o caixão, comprara a jazida – tudo com auxílio da família, que não pestanejou -, mas aquele maldito grupo de palavras unidas resumindo o que foi uma vida não lhe vinha com facilidade. “Aqui jaz um homem morto”, ironizava, sempre antes de desistir. Conclui então que ao menos essa conjectura deixaria para a família.

Abriu os olhos, contudo não se sentia o mesmo. Percebeu que a ceifadora batia à sua porta. Olhou para os filhos sentados a beira da maca, brincando distantes, com seus cérebros infantis imaginando os seus poderosos carros alcançando o infinito. Admirou a esposa sentada no pequeno sofá de enfermaria fitando a rua e o céu plenamente azul que cobria a cidade neste dia. Sussurrou para si mesmo: “Foi bom viver”. Entregou-se à Morte como uma pena flutua sobre um lago sereno. 


P.s.: Um pequeno feedback seria interessante.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Revolution

Era cerca de duas horas da manhã, em meio ao descampado um pobre soldado perdido na madrugada, com seus olhos cansados e úlceras cravadas em sua carne de batalhas anteriores se põe a repousar à beira de uma árvore, ouvido brevemente seus pensamentos sussurrarem em meio ao tiroteio coletivo. 

Os "Redhearts", como se intitulavam, haviam perdido inúmeros patrulheiros, muitos nobres de coração e espírito, antigos companheiros de uma batalha épica travada desde os remotos tempos da antiguidade. Lembrava assim de cada um de seus rostos, fitando-os em suas feridas e, cada pedaço arrancado de seu peito parecia o confortar com suas palavras:
"Não se lamente por erros passados ou se preocupe com o futuro, o presente é a maior dádiva de sua vida, viva-o sem se lamentar. Só não faça algo estúpido, sim?!?"
"Se você preza por alguém, agarre-se a ela! Um pássaro que bate muito suas asas pode não voltar, mas dê a ele alguma liberdade, afinal de nada vale um pássaro em suas mãos se você o esmaga tentando protegê-lo."
"Você ainda é jovem soldado, sua amada não estará o esperando com os braços abertos se você não lutar para tê-la. Além disso, ela é um ser humano, e assim como você é sujeita a erros. Se a ama, lute por ela, se não for o suficiente, lute mais, porém saiba quando se dar por vencido."
"A solidão é um mal soldado. Preze por suas amadas, sim, mas nunca se esqueça de seus amigos, pois serão eles que lhes salvarão nos piores momentos, nem se esqueça do verdadeiro amor rapaz, o ágape."
Uma chuva de sal caíra em seu peito após um devaneio de olharem em direção ao céu noturno. As salvas de tiros não lhe escapavam aos ouvidos. Sabia que seria apenas questão de tempo até tudo estar decidido, afinal, após quase duas décadas de resistência aos ideais inimigos os rebeldes sufocariam brevemente toda sua infantaria, somente questão de tempo...
Nas últimas décadas houveram grandes vitórias para o lado dos "Redhearts". Grandes batalhas e momentos de felicidade no avanço e disseminação de seus valores. A lealdade, a ternura, a esperança de que um nobre coração poderia prosperar em meio à indiferença, à crítica de valores e à política do "pegue o que quiser".
Só de pensar que a moral nos corações daqueles jovens poderia se tornar cinzas espalhadas ao vento causava ânsia naquele jovem de 19 anos, com seu fuzil depositado no peito e lágrimas do que passou até então...
- Alto lá! - ouviu ele, do início da vegetação densa, à sua frente. Passos se estendiam pelo descampado e o exército rebelde o havia cercado, como num piscar de olhos.
- Olhe só o que temos aqui, um jovem "Redheart". Não se preocupe meu bom rapaz, pelas suas feridas já sofreu demais, sua morte será rápida - disse o rebelde logo à sua frente, empunhando sua arma e firmando-a em seu peito.
- Eu me rendo, me rendo! - disse o jovem rapaz - Faça o que quiser de mim, aceito teus ideais, cavalheirismo nunca mais! Já sofri demais nesta batalha! Desde os 14 anos estou preso à esta guerra secular, não vejo mais o fim do túnel! Me rendo!! Por favor, poupe minha vida, serei escravo de tua filosofia.
- Você é um emblema de uma filosofia meu garoto. Não podemos deixá-lo em pune. Quais suas últimas palavras?
- Minhas últimas palavras? - Um breve silêncio circundou o descampado, onde apenas os barulhos dos cães das armas ao serem engatilhados formavam quase que uma sinfonia mórbida.
Estas são minhas últimas palavras, e que elas sejam ouvidas ecoando na eternidade. Que os valores de antigamente não se percam. Que minha amada, onde quer que ela esteja, venha procurar por mim. Cansei de ser ricocheteado por suas balas, perfurado por suas baionetas e torturado em suas celas de indiferença. Os valores morais que eu creio são ouro perto da idade do bronze em que estão convivendo. De nada adianta triturarem meus ossos, meu espírito não será quebrantado. A sociedade está corrompida com falsas medidas e manipulações de mentes. Onde está o cavalheirismo nestes tempos de covardia? Onde está o amor nos tempos de ódio? Por Deus, onde está o companheirismo em tempos individualistas como estes?!? Por meu último pedido, lhes rogo para pregar estes valores. Meu coração está a arder em chamas e meu corpo dilacerado por tuas vis mãos. Meu coração ainda crê nesta guerra, porém, infelizmente para mim, esta batalha está terminada. À Deus.

~Não desistam nobres companheiros, a batalha é árdua sim, porém a recompensa lhes será eterna.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

A crise da nova era


Há duas palavras para serem definidas, antes de tudo:
  1. Amor: Sentimento que induz a aproximar, a proteger ou a conservar a pessoa pela qual se sente afeição ou atração; grande afeição ou afinidade forte por outra pessoa (ex.: amor filial, amor materno).
  2. Amizade: Afeição recíproca entre dois ou mais entes.

Começando pela primeira, pode-se perceber que na sociedade atual perdeu-se muito do significado denotativo da palavra. Amor já não é mais uma grande afeição – considerando aquela que se constrói em muito tempo de convivência – e sim algo corriqueiro, ou até mesmo sazonal. O Brasil adora exibir para o mundo o quão caloroso e receptivo é com as pessoas que visitam, todavia isso cria na própria sociedade o desgaste do discernimento entre o que é afinidade e amor efetivamente, refletindo na falta de confiança entre as pessoas. A evidência  é o grande cinismo que existe entre as relações de amizade recentemente formadas; duas pessoas que se conhecem há apenas um mês, por exemplo, já se consideram melhores amigas – ou seja, estabelecem uma relação amorosa segundo o que foi definido anteriormente -, contudo, criam um afastamento enorme após a primeira discussão.


Juntamente a isso, pode ser introduzida na análise a segunda palavra, que também foi banalizada no sentido denotativo. A hipocrisia da boa educação obriga o indivíduo a ser recíproco em relação à pessoas cuja presença não lhe agrada. Isso causa um sério problema de desconfiança entre os “amigos”, já que não há certeza da autenticidade da reação do outro, mesmo após algum tempo de convivência. Ainda usando o exemplo anterior, supõe-se que, mesmo após a discussão, as pazes foram feitas. Assim, um dos indivíduos volta a considerar o outro melhor amigo – banalizando novamente o amor -, e o outro, todavia, é recíproco naquele momento, mas depois fala mal do “amigo” para outras pessoas.

Tais banalizações causam hoje um problema muito sério de confiança entre as pessoas. Estabelecer relações de amor e amizade leva tempo e não podem ser facilmente rompidas como algo corriqueiro. Isso futuramente pode refletir numa sociedade formada por uma grande maioria de pessoas sozinhas e hipócritas ao extremo. Concluí-se portanto que o problema não é ser caloroso na atitude, mas sim exagerado no uso das palavras para definir uma relação.

sábado, 1 de setembro de 2012

A Lágrima


Forma-se bem no canto das janelas da alma. É tímida inicialmente. Tímida sem exageros, pois o peso que lhes foi designado é bem maior que o tamanho físico. Singela, escorre numa corrida angustiante para chegar ao fim, fugindo de quem a criou.

Ávida, molha tudo o que vê pela frente, limpando a alma e renovando o sentido pelo qual foi feita. Quando chega ao desfecho da sua jornada, leva consigo as dores e as aflições do espírito. Alivia, relaxa, renova. 

Logo que escapa, libera tantas outras expressões de forma única e inexplicável; sejam elas de alegria ou de tristeza. É o gatilho do sentimento em sua forma mais extrema. É a liberdade da emoção.

Dá-nos certezas, lições e aprendizagens que jamais teremos novamente. Sente-se o abatimento saindo corpo. Dá-nos a certeza de que ainda somos humanos.

Uma simples gota de água com um pouco de sal é mais pesada que o próprio criador.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

O Ego

Quão grande somos?
Cada átomo de nossas moléculas, cada elétrons dos nossos átomos, cada quark dos nossos elétrons não representam nem uma fração do complexo chamado “humano”. Não obstante seu tamanho ínfimo, são tão vitais quanto o ar que respiramos. O ar é feito deles; nós somos feitos deles. Bilhares de mols de átomos arranjados de forma específica formaram o universo. Com um pouco de evolução e sorte nós surgimos. Cheios de medo e ódio. Cheios de confiança e carinho. Cheios de sentimentos e instintos. Cheios de vida.

Quão pequeno somos?
Ao ter certeza da nossa grandiosidade, descobrimos que somos a minoria; a exceção. Continuamos descobrindo o mundo minúsculo que nos cerca, ao passo que desvendamos os mistérios do mundo, ou melhor, dos mundos que existem lá fora. O universo parece ser ilimitado, e nos permitimos limitar a nossa própria existência. Perdemos vidas nas guerras, e acabamos com a única e fantástica exceção de que se tem certeza. 


Somos um aglomerado de nadas.



Informativo: Mais um reflexivo e derivante!


Olá caros leitores do Reflexões e Derivas!

Venho comunicá-los através deste post que o blog tem agora mais um membro!
Os que já acompanhavam o blog sabem bem que este é meu espaço pessoal, introspectivo e os que estavam familiarizados com meus posts agora poderão conferir os de meu querido amigo Lucas Barreto!

A proposta do blog continua a mesma, que é a de trazer uma guinada de pensamento no seu dia a dia e fazê-los pensar um pouco sobre sua caminhada terrena!


Desde já, seja bem vindo meu grande amigo! :D


Do jeito palhaço de sempre, apresento a você o Reflexões e Derivas!

~Arrivederci!